sábado, 25 de abril de 2015
EXU - mocinho e vilão
Exu
é a figura mais controversa entre
os orixás,
o mais humano, senhor do princípio e da transformação. Deus da
terra e do universo; na verdade, Exu é a ordem, aquele que se
multiplica e se transforma na unidade elementar da existência
humana. Exu é o ego de cada ser, o grande companheiro do homem no
seu dia
a dia. Muitas
são as confusões e equívocos relacionados à
Exu, o pior
deles o associa
à figura do diabo cristão; pintam-no como um deus voltado para a
maldade, para a perversidade, que se ocuparia em semear a discórdia
entre os seres humanos. Na realidade, Exu contém em si todas as
contradições e conflitos inerentes ao ser humano. Exu não é
totalmente bom nem totalmente mau, assim como o homem: um ser capaz
de amar e odiar, unir e separar, promover a paz e a guerra. A cultura
africana desconhece oposições, em especial a oposição entre bem e
mal; sabe-se aqui que o bem de um, pode perfeitamente ser o mal de
outro, portanto, cada um deve dar o melhor de si para obter tudo de
bom na sua vida, sempre cultuando, agradando e agradecendo a Exu,
para que ele seja, no seu cotidiano,
a manifestação do amor, da sorte, da riqueza e da prosperidade. Exu
é o orixá que entende como ninguém o princípio da reciprocidade,
e, se agradado como se deve, saberá retribuir; quando agradecido
pela sua retribuição, torna-se amigo e fiel escudeiro. No entanto,
quando esquecido é o pior dos inimigos e volta-se contra o
negligente, tirando-lhe a sorte, fechando-lhe os caminhos e trazendo
catástrofes e dissabores. Exu é a figura mais importante da cultura
Yorubá.
Sem ele o mundo não faria sentido, pois só através de Exu é que
se chega aos demais orixás e ao Deus Supremo Olodumare.
Exu é
o Orixá da comunicação, portanto permite
a
ligação
entre os
planos espiritual e material,
entre os orixás e os homens. Exu é o dono do mercado, o seu
guardião, por isso todo o comerciante e aqueles que lidam com vendas
devem agradar a Exu. As vendedoras de acarajé, por exemplo, oferecem
sempre o primeiro bolinho a Exu, atirando-o à rua, não só para
vender bem, mas também para
afastar as perturbações, evitar assaltos, etc, ou seja, para que
Exu seja de fato um guardião e proteja o seu negócio. É importante
ressaltar que Exu não tem amigos nem inimigos. Exu protege sempre
aqueles que o agradam e sabem retribuir os seus favores. Exu foi a
primeira forma dotada de existência individual. Não se sabe ao
certo a sua região de origem na
África, pois em todos os reinos se presta culto a Exu. Em seus
trabalhos Exu corta demandas, desfaz trabalhos, feitiços e magia
negra, feitos por espíritos zombeteiros.
Ajudam nos descarregos e desobsessões retirando os espíritos
obsessores e os trevosos, e os encaminhando para luz ou para que
possam cumprir suas penas em outros lugares do astral. Seu dia é a
Segunda-feira. Sua roupa tem as cores preta e vermelha, podendo
também ser preta e branca, ou conter outras cores, dependendo da
irradiação a qual correspondem. Além
da
vestimenta, fazem
também
o uso de cartolas ou chapéus, capas e até mesmo bengalas e punhais
em alguns casos. A roupagem fluídica dos Exus varia de acordo com o
seu grau evolutivo, função, missão e localização. É claro que
em determinados lugares, eles se apresentarão de maneira diversa. Já
foi verificado que alguns se apresentam de maneira fina: com ternos,
chapéus, etc. Às vezes temido, às vezes amado, mas sempre alegre,
honesto e combatente da maldade no mundo, assim é Exu. Os Exus
usam as ferramentas que sabem usar: a força, o medo, as magias, as
capturas, etc. Os métodos podem parecer, para nós, um pouco sem
amor, mas eles sabem como agir quando necessitam que a Lei chegue aos
planos espirituais mais baixos.
Eles ajudam aqueles que querem retornar à Luz, mas não auxiliam
aqueles que querem cair nas trevas. Quando a Lei deve ser executada,
Eles a executam da melhor maneira possível doa a quem doer. Os Exus,
como executores da Lei e do carma, esgotam os vícios humanos, de
maneira intensiva. Às vezes, um veneno é combatido com o próprio
veneno, como se fosse a picada de uma cobra venenosa. A Lei é sempre
justa, às vezes somente um tratamento de choque remove um espírito
do mau caminho. E são os Exus
que aplicam o antídoto para os diversos venenos. Os Exus estão
ligados de maneira intensiva com os assuntos terra-a-terra. Quando a
Lei permite, Eles atendem aos diversos pedidos materiais dos
encarnados. Muitos
anos de incompreensão religiosa, aliados a um sincretismo mal feito
com a doutrina católica e um aprendizado
incompleto
dos
novos donos de terreiros, são os principais motivos para a deturpada
visão que ainda hoje se tem do Exu. Mas bem diferente do diabo
cristão, essa energia
tem fundamental importância, interligando e dinamizando os diversos
planos em que se divide a Criação. Aliás toda pessoa tem seu Exu
particular, responsável pela força necessária ao seu
desenvolvimento. Os Exus
são
espíritos ainda na fase de elementares, pois evoluem dentro das
determinadas funções cármicas
e grupos ou falanges atuando
na cobrança do carma,
exercendo
suas
diversas
funções.
Nada
acontece de cima
para baixo de qualquer forma como se o carma
fosse algo sem rumo que
se manifestasse espontaneamente. Existe direção e controle para
tudo, e quem o faz são os Exus
de Umbanda que
aplicam as Leis Superiores aos casos cármicos.
Exu
de Umbanda não é portanto,
um
Ser Espiritual trevoso, um agente do mal. Pelo
contrário, Exu
é antes de
tudo
um agente
da Justiça, um
amparador e
condutor
da
magia com responsabilidades definidas perante os tribunais
cármicos
e
executor fiel das Leis de Cima para Baixo. Os Exus
atuam mais nos serviços diretamente
ligados aos desejos e vontades humana,
e
talvez seja por isso que a maior parte das pessoas ainda acreditam
que
Exu é
o rei da barganha, que faz o mal em troca de alguma coisa. A verdade
não é bem essa. Exu
trata
com
verdade
dos problemas mais ligados
à matéria, tais como demandas, trabalho, dinheiro, etc, mas um Exu
jamais dará a alguém algo que este não mereça. O inconsciente é
a parte da mente humana onde estão armazenados desde os processos
instintivos, até aos traumas, recalques e mesmo a violência. No
inconsciente são armazenadas todas as lembranças das encarnações
do indivíduo e este é praticamente desconhecido por todos nós. Ele
é liberado apenas nos chamados atos falhos, nos sonhos e nas
neuroses e psicoses. Pode-se entender
agora que o médium mostra seu próprio interior quando no
ato da
incorporação dos Exus
guardiões. O
Exu guardião realmente
executa uma espécie de terapia, pois ao permitir
que o médium
coloque
suas
mazelas para fora, está
o ajudando a se melhorar, para no futuro nas encarnações vindouras
poder ser um
bom
veículo de suas palavras e poder passar suas mensagens sem
distorções. O chamado Exu
zombeteiro
é tido como o marginal da espiritualidade, aquele sem luz, sem
conhecimento da evolução, trabalhando na magia para o mal, embora
possa ser despertado para evoluir de condição. Já o Exu
guardião,
é um
espírito trabalhador,
evoluindo e trabalhando para o bem, por ser força que ainda se
ajusta ao meio, nele podendo intervir, como um policial que penetra
nos reinos da marginalidade. Não se deve, entretanto, confundir um
verdadeiro Exu
com um
espírito zombeteiro, mistificador, obsessor ou perturbador. Os Exus,
estão também, divididos em hierarquias, onde
temos desde Exus muito ligados aos Orixás até aqueles Exus ligados
aos trabalhos mais próximos às trevas.
Além
destes aspectos já abordados, vale
a pena
mencionar os diversos níveis vibracionais, onde os espíritos
ligados à Terra, habitam. Estes níveis são e foram criados de
acordo com cada grau evolutivo. Os níveis estão mais relacionados
com o mundo da consciência do que com o mundo físico, ou seja, são
mais estados de consciência do que um lugar fisicamente localizado.
A atuação dos Exus
está
praticamente em todas as camadas vibracionais
e
eventualmente eles atuam
em zonas mais pesadas e pouco evoluídas
para missões especiais ou mandam seus
emissários,
pois estão mais ambientados
com
as baixas e perniciosas vibrações. Não que o Exu guardião
não possa atuar
lá,
mas porque é desnecessário criar uma guerra com os seres que
estão ligados a essas vibrações,
apenas porque se invadiu aquelas zonas. A maioria dos livros
espíritas, que tratam do assunto dos níveis vibracionais, não
chega sequer a mencionar algo além das camadas intermediárias ou
médio e alto umbral. Descrevem na maioria das vezes as camadas que
ficam às
sombras e não as trevas, pois os guias
ou mentores que
transmitem
seus conhecimentos
não podem ou não devem acessar
os planos espirituais menos evoluídos,
pois somente cabe ao Exu
guardião
acessar
essas energias. Se
os Exus
guardiões
são marginalizados, mais
ainda são as
senhoras
Guardiãs
Pombagiras.
Há
muitas pessoas que as
associam com prostitutas,
ou simplesmente, mulheres que gostam de se expor aos homens e
sedentas por sexo.
As distorções e preconceitos são características dos seres
humanos quando eles não entendem corretamente algo, querendo trazer
ou materializar conceitos abstratos, distorcendo-os. Essas nossas
guardiãs
nada mais são que espíritos desencarnados, que como os Exus,
viveram na Terra e hoje, por afinidade fluídica, militam como mais
uma corrente de trabalho dentro da Umbanda. Não temos culpa se
certos médiuns
medíocres dão passagem
à energias regressoras
ou mesmo fingem uma incorporação de uma Guardiã Pombagira,
para serem aceitos e terem suas opiniões e mesmo trejeitos aceitos
pela comunidade religiosa. Com certeza, exteriorizam somente aquilo
que suas mentes doentias acham serem certos. Dentro da hierarquia das
Guardiãs Pombagiras,
estão divididas em falanges
diversas outras Pombagiras.
É claro que em alguns casos podem ocorrer que uma delas em alguma
encarnação tivesse passado pela experiência dolorosa de ser uma
prostituta, mas, isso não significa que as Guardiãs Pombagiras
tenham sido todas prostitutas e que assim agem. As que foram, hoje
estão integradas na Umbanda, a fim de realizarem a grande reforma
íntima através da caridade e da
mediunidade evolutiva. Não
se torna uma Guardiã Pombagira
pelo simples fato de se ter errado perante as Leis Divinas. Afinal,
quem nunca errou na vida? Ser uma Guardiã Pombagira
exige preparo, conhecimento, magia, discernimento e muito amor. É
mais uma corrente de trabalho espiritual na Umbanda, onde espíritos
seletos atuam na faixa vibratória que mais se afinizam. As Guardiãs
Pombagiras
não são a representação da sexualidade e nem da sensualidade, mas
sim limitam
os desvios sexuais dos seres humanos e direcionam essas energias para
a construção da espiritualização, evitando a destruição
espiritual e material de cada ser. A sensualidade desenfreada destrói
o homem: a volúpia. Este vício moral é alimentado pelos encarnados
e desencarnados criando um ciclo ininterrupto, caso as Pombagiras
não atuem neste campo emocional, limitando
e redirecionando. As Guardiãs Pombagira
são grandes magas e conhecedoras das fraquezas humanas. São
executoras da Lei. Cabem as Guardiãs Pombagiras
esgotar
os vícios ligados ao sexo, equilibrando o ser humano. Tudo que se
refere ao estudo sobre os Guardiões Exus vale também para as
Guardiãs Pombagiras,
ou seja, elas se manifestam na Umbanda através de espíritos
incorporados as suas hierarquias. Elas são energias
ativadas
através de oferendas e elementos religiosos quando ativados num
Templo. Os Exus
guardiões vitalizam
ou
desvitalizam,
as Guardiãs Pombagiras
esgotam o emocional ou despertam o desejo. As Guardiãs Pombagiras
de Trabalho são tão maravilhosas quanto os Exus
guardiões.
Elas realizam curas até mesmo de enfermidades dadas como incuráveis,
desmancham trabalhos de magia negra, resolvem problemas, nos dão
conselhos preciosos de como bem dirigir nossas vidas, enfim, fazem
tudo pelas pessoas bem
intencionadas
que as procuram para a prática da caridade. É
uma pena que ainda existam pessoas que as procuram somente para
desmanchar relacionamentos amorosos ou conquistar alguém. Os
Exus guardiões
e
as Guardiãs Pombagiras,
quando terminarem o ciclo
de trabalhos espirituais e permanência nas correntes de trabalho na
Umbanda irão para uma faixa de espiritualidade superior, e serão
conduzidas para o seu verdadeiro destino, a sua verdadeira e eterna
felicidade. Por isso, considerando que as Guardiãs Pombagiras
são energias
como nós, criaturas
em evolução,
considerando que bem orientadas por Orixás, as
Guardiãs Pombagiras
trabalhem somente para o bem, devemos tratá-las com todo carinho,
respeito e
procurar compreendê-las, pois
estão
trilhando
o seu caminho rumo à
evolução
para o caminho da redenção.
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