Mediunidade
– mistificações e estereótipos
Ser
médium é ser no sentido exato da palavra, mediador entre os planos
físico e espiritual, é um canal de acesso para toda energia, seja
ela boa ou ruim.
“Todo
aquele que sente, num grau qualquer, a influência de energias é,
por esse fato, médium. Ser médium não constitui, portanto, um
privilégio exclusivo. Não é errado dizer que todos são, de alguma
forma, médiuns podendo também ser aquele que recebe influência,
inspiração, conselho ou ensinamento de entidades espirituais, as
vezes, sem perceber. O médium
deve
ser aplicado, sincero, disciplinado e bondoso, evitando o orgulho e a
vaidade. Jamais
deverá se colocar
na condição de superior perante os demais irmãos, sabendo que é
apenas um instrumento.
O
médium
é
um companheiro, um trabalhador, um amigo e
sobretudo nosso irmão, com dificuldades e problemas naturais
como todo ser humano encarnado. Geralmente, os médiuns tem
diferentes aptidões, o que
resulta em
tantas variedades de manifestações mediúnicas.
É preciso entender que a faculdade mediúnica não libera o homem
das influências dos espíritos malévolos. A mediunidade em si, na
realidade é neutra. O uso que o homem faz dela é o que importa. Ao
empregá-la, podemos nos harmonizar com os bons espíritos ou nos
relacionar com os maus. A sintonia é, portanto, fundamental na
prática mediúnica. Reservando-nos
o direito de rejeitar
as más influências espirituais e acatar as que provenham de
espíritos bons,
a mediunidade torna-se assim um instrumento de aperfeiçoamento
espiritual. Como sabemos, os espíritos
superiores
procuram inspirar-nos para o bem, enquanto espíritos
inferiores buscam induzir-nos ao mal. Em nossa caminhada evolutiva,
somos todos instrumentos das forças com as quais sintonizamos. Todos
somos médiuns dentro do campo mental que nos é próprio. Se o nosso
pensamento flui na direção da positividade,
nos
associamos
às energias edificantes. Se nos escravizamos às sombras de
pensamentos e atitudes regressoras,
entramos em sintonia com forças perturbadoras e deprimentes,
partindo
do princípio que semelhante atrai semelhante. Cada criatura vive no
plano espiritual com que se identifica. A mente permanece na base de
todos os fenômenos mediúnicos e os médiuns, quase sempre são
espíritos que resgatam débitos do passado, o que é difícil para a
criatura humana cumprir integralmente, sem enfrentar obstáculos, os
deveres que a mediunidade
lhe confia
no
plano físico. A mediunidade rende ao médium os elogios dos homens,
as felicitações, as adulações. Eis o perigo! Nessa
hora é preciso ouvir mais os guias espirituais para manter-se a uma
distância segura do grande inimigo, que é o orgulho. Para
que se alcance o objetivo verdadeiro, que é a evolução espiritual,
tanto do guia ou mentor, quanto do médium, é necessário se
conhecer e buscar conhecer também a energia espiritual à qual está
se submetendo e entender a sua própria mediunidade e como ela
funciona. Há muitos centros, terreiros, fraternidades e organizações
que buscam desenvolver a mediunidade por meio de incorporação.
Porém é importante lembrar que tudo
é energia e como tal, deve ser acessada com responsabilidade,
respeitando o momento e a doutrina de cada grupo ou corrente
mediúnica. A incorporação é uma de várias manifestações de
mediunidade, porém a mais recorrente, que organiza-se da seguinte
forma:
Consciente
Pode-se
dizer que um médium consciente é aquele que durante o transcurso do
fenômeno tem consciência plena do que está ocorrendo. O espírito
comunicante entra em contato com as irradiações perispirituais do
médium, e, emitindo também suas irradiações perispirituais, forma
a atmosfera fluídica
capaz de permitir a transmissão de
seu pensamento ao médium, que, ao captá-lo, transmitirá com as
suas possibilidades, em termos de capacidade intelectual,
vocabulário, gestos, etc.
O
médium age como se fosse um intérprete da idéia sugerida pelo
espírito,
exprimindo-a conforme sua capacidade própria de entendimento. Esta
forma de mediunidade será tanto mais proveitosa quanto maior for o
conhecimento e qualidades
morais, a influência de espíritos bons e sábios, a facilidade e a
fidelidade na filtração das idéias transmitidas. Seu
desenvolvimento exige estudo constante, bom senso e análise contínua
por parte do médium.
Semi
consciente
É
a forma de mediunidade em que o
médium sofre uma semi-exteriorizacão perispirítica, permitindo
que esse fenômeno ocorra
em presença do espírito
comunicante, com o qual possui a devida afinidade; ou quando houve o
ajustamento vibratório para que a comunicação se realizasse. Há
irradiação e assimilação de fluidos emitidos pelo espírito
e pelo médium, formando a chamada atmosfera
fluídica, e
então ocorre a transmissão da mensagem do espírito
para o médium. O médium vai tendo consciência do que o espírito
transmite à medida que os pensamentos do
guia ou mentor espiritual
vão passando pelo seu cérebro, todavia o médium deverá
identificar o padrão vibratório
do espírito
comunicante, resguardando-se
de
qualquer possibilidade de procedimentos que firam as normas da boa
disciplina mediúnica. Ainda na forma semi consciente, embora em
menor grau que na consciente, poderá haver interferência do médium
na comunicação, como repetição de frases e gestos que lhe são
próprios, motivo porque necessita aprimorar sempre a sua
mediunidade,
observando bem as suas reações durante
o
fenômeno, para prevenir que tais fatos sejam tomados como
mistificação. Geralmente, o médium sente uma frase a lhe repetir
insistentemente no cérebro e somente após emitir essa primeira
frase é que as outras surgirão. Terminada a transmissão da
mensagem, muitas vezes o médium só lembra, vagamente, do assunto
que foi tratado, mas
não de todo seu conteúdo.
Inconsciente
Esta
forma de mediunidade de incorporação caracteriza-se pela
inconsciência do médium quanto a mensagem que por seu intermédio é
transmitida. Isto se verifica por se dar uma exteriorização
perispiritual total do médium. O
fenômeno acontece
como nas formas anteriores mas
de forma
mais intensa. Na
exteriorização
perispiritual, são
indispensáveis a
afinidade
com o
guia ou mentor
que se comunicará, emissão e assimilação de fluidos e
formação
da atmosfera necessária para que a mensagem seja
transmitida
por intermédio dos órgãos do médium. Embora inconsciente da
mensagem, o médium é consciente do fenômeno que está se
verificando, permanecendo, muitas vezes, junto da entidade
comunicante, auxiliando-a na difícil empreitada, ou, quando tem
plena confiança no espírito
que se comunica, poderá afastar-se em outras atividades. O médium,
mesmo na incorporação inconsciente, é o responsável pela boa
ordem do desempenho mediúnico, porque somente com o
seu consentimento, o espírito poderá realizar algo.
Os Espíritos esclarecem que quando um Espírito se acha desprendido
do seu corpo, quer pelo sono físico, quer pelo transe espontâneo ou
provocado, e algo estiver iminente a lhe causar dano ao corpo, ele
imediatamente despertará. Assim também acontecerá com o médium
bem
desenvolvido,
mesmo estando em condições de passividade total; se o espírito
comunicante quiser lhe causar algum dano ou realizar algo que venha
contra seus princípios, ele imediatamente tomará o controle do seu
organismo, despertando.
Geralmente,
o médium, ao recobrar sua consciência, nada ou bem pouco recordará
do ocorrido ou da mensagem transmitida. Fica uma sensação vaga,
comparável ao despertar de um sonho pouco nítido em que fica uma
vaga impressão, mas que a pessoa não saberá afirmar com certeza do
que se tratou. Nos casos em que é deficiente ou viciosa a educação
mediúnica, não há a facilidade do intercâmbio, faltando liberdade
e segurança; o médium reage à exteriorização perispirítica,
dificultando o desligamento e quase sempre dificulta a comunicação.
Algumas vezes se torna necessário, para o prosseguimento da educação
mediúnica, nos desenvolvimentos, que os guias ou mentores
encarregados de tal desenvolvimento auxiliem o médium para que a
exteriorização aconteça. Para evitar o perigo da obsessão, eles
cuidarão de exercitar o médium com os espíritos comunicantes que
não lhe ofereça perigo. Todavia, ainda nesse caso, a
responsabilidade pelo desenvolvimento mediúnico está entregue ao
médium. O mesmo não acontece no fenômeno obsessivo. A mediunidade
inconsciente é uma das mais raras no gênero. Para que o médium se
entregue plenamente confiante ao fenômeno dessa ordem, é necessário
que ele tenha confiança na sua mediunidade, nos espíritos que o
assistem e, principalmente, no ambiente espiritual da corrente mediúnica a qual frequenta.
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